28.10.11

Richard Wentworth | Galerie Nelson Freeman

      


Nesta individual na Galerie Nelson Freeman, o inglês Richard Wentworth expõe uma série de composições com materiais bastante ordinários. Logo na entrada da galeria, o arranjo da sacola xadrez de plástico dentro de uma caixa-pedestal mal feita em gesso. É uma das coisas mais feias que você já viu dentro de uma galeria de arte e isso talvez seja um elogio. Algumas esculturas-colagem, como esses dois banquinhos vermelhos ligados por uma corrente.

Mais a frente, uma série de fotos com registros de curiosidades plásticas da vida na cidade: gambiarras, composições interessantes e acidentais causados por um palito de sorvete ou um banquinho estofado com o couro desgastado pelo uso. As fotos revelam o interesse do artista pelo cotidiano, em fotos similares a tantas outras feitas por artistas contemporâneos. São registros. Porém, quando o artista constrói suas esculturas, usando os mesmo vocabulário de materiais comuns, as escolhas não são nada óbvias e não tem o encaixe fácil que encontramos nas fotos exibidas: elas são mais incômodas.

IPUT, superintendent Tamas St.Turba | GB Agency

 

12.10.11

Adrián Villar Rojas | Jardin des Tuileries

Um objeto gigantesco destoa no Jardin des Tuileries, o jardim do Palácio Real e agora Museu do Louvre: é a escultura do argentino Adrián Villa Rojas, de 90 metros de extensão, um cilindro quase cônico que mais parece um canhão prestes a explodir uma fonte do jardim. “Poems for earthlings” foi feita em cimento e argila, material que o artista costuma utilisar, bom para alcançar o efeito de ruína, desmanchando e descascando – de fato, parece que o objeto está lá há muito tempo apesar das poucas semanas. A idéia de ruína também aparece em seu trabalho na Bienal de Veneza deste ano, onde construiu grandes colunas em decomposição. O objeto no jardim parisiense vai ser destruído quando acabar o período de exposição, a propósito da residência SAM Art Projects que Villar Rojas participou. 

Andando um pouco para achar qualquer informação sobre a peça, encontra-se uma placa curiosa: “Influenced by contemporary literature, classical culture, science fiction and comic strips, the work of Adrián Villar Rojas deals with the theme of the end of humanity”. Um statement resumindo o corpo de obra do artista que mais afasta do que aproxima o publico da obra.

8.10.11

Claire Fontaine | Air de Paris


Logo na entrada da galeria, um sensor de movimento ativa um aspirador de pó que faz um barulho estrondoso, como se a galeria não estivesse pronta para receber. O barulho aborrecido torna o ambiente hostil. À direita, uma cortina de bambu, dessas caseiras que separam ambientes, convida a entrar em uma sala onde encontramos um carrinho de bebê coberto com uma toalha.

Em outra sala, uma serigrafia de Mao é sobreposta por um texto tirado de um catálogo da Ikea, algo como "se quiser conhecer profundamente alguém, olhe para a casa e os objetos dessa pessoa". A Ikea é uma cadeia sueca de móveis onipresente nas casas européias, pois vende produtos de design interessante a preços realmente baixos. As lojas são enormes e costumam ficar em periferias perto das grandes cidades - você pode achar todos os "estilos" dentro dela.

O mapa da França foi desenhado na parede por centenas de fósforos e no fim da exposição foi queimado. Claire Fontaine é um coletivo francês que emprestou o nome de uma marca de papelaria bem conhecida, a Tilibra local. Podemos rotular suas obras de "arte e política" porém os trabalhos fogem na maioria das vezes da ilustração literal e óbvia de um discurso engajado. Como nesta exposição. O assunto aqui é a impossibilidade da vida contemporânea nas grandes cidades, como Paris. Abaixo, o texto da exposição escrito pelo coletivo:

Living a life at 7500 € per square metre or 1800 € rent a month is possible. Paris air is on sale by the cubic metre, but this isn’t an effect of social segregation, it isn’t a form of exclusion – it’s just that the value of the ground under our feet has changed, and our lives with it. We didn’t ask for anything, but have received expulsions and demolitions of the buildings that were still bearing our traces and our smell. We had built, in places where no one lived, spaces for being together and they were razed to the ground, priceless spaces for a few years, open to everyone who felt welcome; it doesn’t sound like much, but it’s inestimable. Because we terribly needed to live far from parquet and authentic terracotta floors, far from fireplaces with mirrors and cornices, far from panoramic views and greenery outside the window.

We remember that our first home is our body and that its inhabitants are our thoughts and our loves. We remember that life doesn’t have a price, and the places where it happens mustn’t have one either.
We remember that streets and apartment buildings are there because they are part of a world in which there is money– but there’s also blood, thoughts, childhood, solitude and illness. A world in which there is a need for money – but also a need for love, work done passionately, the urgency of being together.
Space forgets us. Space is crowded with precursory signs of a new drought. We buy a fragment of Paris, we double-lock it, we go through two doors with access codes, and a caretaker’s lodge, and we do nothing there that we couldn’t do elsewhere. We are going to fill it up with secondhand furniture painted pastel colours, we will put a coloured bead curtain in the kitchen doorway, a rug in the living-room, orchids in white pots and coloured lights around the mirror over the fireplace. We will have a bowls with fresh fruits in the kitchen, green plants in the living room, a beautiful bed-couch and bedrooms painted in clear blue. We are going to climb the wooden stairs with their red carpet before we stick our key in the lock and realise that we were wrong. We realise that this is not the present and can’t be the future. That in this fragment of Paris there is no room for anybody. We realise – as we lean on the antique railing of the window to smoke a cigarette and check our cell phone – that we are irreparably alone and that it is too late. For a life at 7500 € per square metre is not an innocent life, it isn’t an accessible life, it isn’t an open, free, adventurous, interesting life. It is a private life.

7.10.11

Daniel Firman | Galerie Perrotin


Primeira sala: manequins vestidos de maneira jovem, os corpos fazendo algum tipo de dança contemporânea, os rostos cobertos e um neon na parede: "It was not my time, not your time, not anybody's time". Segunda sala: uma fogueira falsa, os troncos de madeira em metal porém o fogo de verdade. Terceira sala: uma grande máquina de lavar funcionando e girando em seu próprio eixo, além de uma grande peça de granito preta esmagando uma outra máquina branca. 

Raqs Media Collective | Parti Comuniste Français


Dentro da programação do Festival d'Automne, o Raqs Media Collective escolheu a sede do partido comunista francês (como não poderia deixar de ser), desenhada por Oscar Niemeyer, para apresentar algumas instalações.