30.8.11

Musée de la Chasse et de la Nature

Confesso que só pensei em visitar o Musée de la Chasse et de la Nature (Museu da Caça e da Natureza) quando soube que eles mantém um programa regular de exposições de obras contemporâneas. Descobri um dos museus mais pitorescos e interessantes daqui e, ainda, vazio. Fica no Hôtel Guénégaud, uma mansão do século XVII, no bairro do Marais. No acervo, muitos animais empalhados, pinturas com tema de animais (algumas emprestadas do Louvre, como duas naturezas mortas de Chardin), objetos de caça e documentos. A museografia simula os interiores de uma mansão de um colecionador do século XIX, com móveis de época, papel de parede rebuscado, pinturas amontoadas nas paredes e esculturas sobre mesas e aparadores. Um ambiente quase kitch. Não há etiquetas explicativas para as peças (o que geralmente achamos nos museus históricos) ou mesmo qualquer tipo de texto nas paredes e as obras contemporâneas estão expostas sem qualquer distinção. Cada sala tem apenas uma prancheta com informações gerais sobre o agrupamento feito ali e alguns créditos.
O artista Mark Dion, que pesquisa entre outras coisas gabinetes de curiosidades, apresenta uma instalação no museu, uma salinha com objetos da coleção, simulando a cabana de um explorador. Jeff Koons também está lá com uma escultura de cachorrinho, destoando das outras cerâmicas apenas pela falta de acabamento. Uma peça de Rebecca Horn está em uma parede logo ao lado um urso polar empalhado de dois metros de altura que chama mais atenção. O engraçado é que o museu é tão descontextualizadas que as peças contempoâneas quase passam despercebidas; a cabana de Mark Dion destoa quando é apresentada dentro um cubo branco, porém, neste museu, ela perde força justamente por mimetizar o resto do ambiente. 
Uma sala impressionante é a Sala dos Troféus, onde dezenas de cabeças empalhadas de animais abarrotam a parede. Uma dessas cabeças é um trabalho camuflado do artista francês Nicolas Darrot, em que o animal solta uns grunhidos de vez em quando, mexendo a mandíbula e os olhos. O teto desta sala tem uma grande pintura mural que lembra stêncil, feita em ocasião da inauguração do museu. Ou seja, desde 1967 a instituição já propõe a convivência da arte contemporânea com o acervo científico/histórico, uma saída bastante usada nos dias de hoje.